Bimbalham sinos, símbolos da festa,
Seja na vila soberba ou modesta,
Para anunciar a volta do Natal.
Por toda a Terra corações gritantes,
Pranto patético e ulos lancinantes,
Dos que não têm Jesus como fanal.
Rebrilham luzes piscando lanternas...
Vão desatando alegrias internas
Em louvor à riqueza possuída.
Entanto, há vales em sombra avultada
Com gente perdida na caminhada,
Sem ter Jesus como verdade e vida.
Aqui, farfalham papéis de presentes,
Ali, brinquedos quais jóias luzentes
A exalçar a magia dessa noite.
Há, contudo, muitas outras criaturas
Que se arrastam carentes, inseguras,
A suportar da indiferença o açoite.
Trocam-se mimos caros, maravilhas...
Jarros pomposos lembram velhas bilhas,
Taças brindam, são gestos de carinho.
Mas, no mundo, há quem chore ao abandono,
A sentir-se aturdido cão sem dono,
Sem buscar em Jesus o seu caminho.
Mesa farta, bem composta comida,
Tida como o maior prazer da vida,
A exercer saborosa sedução.
Entretanto, almas há que, em agonia,
Experimentam fome todo dia,
Sem saber que da vida é o Cristo o pão.
Cantam vozes nos templos ajaezados,
Onde círios e flores bem cuidados
Complementam a sentida homenagem.
Vale pensar que o Mestre vindo ao mundo
Envolve a todos no amor mais fecundo,
Sem perder os que se encontram à margem.
É Natal, cantamos com euforia!
Há mudanças em torno e alegria
A irmanar-nos em doce comunhão.
É Natal! Glória a Deus lá nas alturas!
Que nos movamos em prol das criaturas
Tendo vivo Jesus no coração.
Que aprendamos, na evocação bendita,
A pensar mais na humanidade aflita
Junto à qual tantas bênçãos recebemos.
Que o nosso Natal possa ser de altruísmo
Que nos ajude a vencer o egoísmo
Em que, por ora, na Terra vivemos.
Seja o amor nossa inspiração mais doce,
Como se junto a Jesus cada um fosse
Erguer a flama fraternal em hastes.
Se aprendermos a diminuir a agrura,
Cada Natal terá menos secura,
Diminuindo também tantos contrastes.
Seja, então, nosso Natal mais festivo,
Cada qual sendo o agente mais ativo
A laborar por Cristo, de verdade.
Que, assim, de olhos nas Alturas entoemos
Louvor Ao que dos Páramos Supremos
Deu-nos Jesus: nossa Felicidade!
Raul Teixeira. Pelo Espírito Ivan de Albuquerque.