Quando Jesus proclamou a felicidade dos mansos de coração,
não se propunha, de certo, exaltar a ociosidade, a hesitação e a fraqueza.
Muita gente, a pretexto de merecer o elogio evangélico,
foge aos mais altos deveres da vida e abandona-se à preguiça
ou à fé inoperante, acreditando cultivar a humildade.
O Mestre desejava destacar as almas equilibradas,
os homens compreensivos e as criaturas
de boa vontade que, alcançando o valor do tempo,
sabem plantar o bem e esperar-lhe a colheita,
sem desespero e sem violência.
A cortesia é o primeiro passo da caridade.
A gentileza é o princípio do amor.
Ninguém precisa, pois, aguardar o futuro, a fim de possuir a Terra.
É possível orientá-la hoje mesmo, detendo-lhe os favores e talentos,
entre os nossos semelhantes, cultuando a bondade fraternal.
As melhores oportunidades de cada dia no mundo pertencem
àqueles que melhores de fazem para quantos lhes rodeiam os passos.
E ninguém se faz melhor, arremessando pedras de irritação
ou espinhos de amargura na senda dos companheiros.
A sabedoria é calma e operosa, humilde e confiante.
O espírito de quem ara a terra com Jesus compreende que o pântano pede socorro,
que a planta frágil espera defesa, que o mato inculto reclama cuidado
e que os detritos do temporal podem ser convertidos em valioso adubo, no silêncio do chão.
Se pretendes, pois, a subida evangélica, aprende a auxiliar sem distinção.
A pretexto de venerar a verdade, não aniquiles as promessas do amor.
Abraça o teu roteiro, com a alegria de quem trabalha
por fidelidade ao Sumo Bem, estendendo a graça da esperança,
a benefício de todos, e, um dia, todos os que te cercam e
te acompanham entoarão o cântico dos bem-aventurados
que o teu coração escreveu e compôs nos teus atos,
aparentemente pequeninos de fraternidade e sacrifício,
em favor dos outros, em tua jornada de ascensão à Divina Luz.
Francisco Cândido Xavier-- Emmanuel